Como bom filho dos anos 90, sempre achei que a ficção científica combinava mais com cinema do que literatura. Eis que certa feita visitando a livraria do Sr. Saraiva encontrei a trilogia Fundação com o seguinte prefácio “...A série de ficção científica e fantasia que superou O Senhor dos Anéis e John Carter em Marte”. Não sou adepto de ler livros que se comparam com outros para tentar se vender, mas desta vez resolvi me arriscar, e o resultado foi a descoberta do autor que rivalizaria com Bernard Cornwell pela minha preferência literária. Dono de uma narrativa rápida que, ao contrário de Tolkien, abstém-se de qualquer descrição mais detalhada para focar basicamente na construção da trama, ler Asimov é estar num thriller ininterrupto. Às vezes tem-se a impressão de estar lendo um roteiro de filme, com sequências intermináveis de diálogos intercaladas com pequenas pausas para situar os personagens. Pode parecer estranho uma série de ficção científica, onde o autor geralmente busca transmitir sua visão do futuro, não apresentar propriedades deste futuro, mas esta carência de Asimov foi justamente o que salvou e abrilhantou sua obra, pois de todos os gêneros literários, a sci-fi tende a datar mais rapidamente, por razões óbvias. Mas afinal, do que se trata a série Fundação? Imagine um futuro onde toda a via láctea foi colonizada pelos seres humanas e é governada por um único império, império este corrupto e decadente. Imagine um cientista que preveniu que a queda iminente e irreversível de tal império culminaria num período de dez mil anos de caos. Porém, por meio de equações matemáticas criadas por especialistas sociais, se poderia prever o comportamento de toda a humanidade como um organismo único e, desta forma, conduzi-la por um caminho que diminuiria a era de caos de dez para apenas mil anos. Esta é a premissa da Fundação, uma parábola histórica que explora nossa capacidade como ser humano de, vez após outra, cometer os mesmos erros.
Por Bruno Schenk
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